terça-feira, 18 de junho de 2013

Assaltos a residências em Portugal - Uma análise

Bem, antes de mais, este post NÃO termina o concurso iniciado no último post. Foi apenas uma notícia de última hora que vi e achei por bem partilhar.

No passado dia 15 de Junho de 2013, foi publicado no Facebook da Polícia de Segurança Pública - Comando Metropolitano do Porto a notícia de que foram apanhados 4 assaltantes de residência.

Existem várias notícias sobre este assunto, pelo que reuni a seguinte informação (a que achei relevante):
  • Eram 4 indivíduos de nacionalidade Georgiana;
  • Todos sem actividade profissional nem residência fixa em Portugal;
  • Tinham ligações a outros grupos estrangeiros de assalto a residências;
  • Foram indiciados por cerca de duas dezenas de crimes durante uma investigação que decorreu durante dois anos.
Ora, como disse anteriormente, o Lockpicking é a forma menos utilizada de assalto. O que não significa que não seja utilizada.
Dentro do meu conhecimento, apenas estes grupos estrangeiros a utilizam.

Estes grupos são, normalmente, bem organizados e com conhecimento profundo num leque muito reduzido de fechaduras, as mais comuns, tendo ferramentas muito específicas para elas.
Escolhem normalmente apartamentos, pois têm alguma privacidade para realizar o assalto e vários alvos possíveis num espaço reduzido, escolhendo os momentos em que os donos estão fora. Desta forma evitam confrontos.

Embora possível, normalmente não escolhem moradias.

Aqui está a notícia da PSP:

Foram apreendidas, além de material roubado, as suas ferramentas. Vamos analisar:

Ferramenta multi-funções. Pela imagem, parece um modelo que é vendido na Leroy Merlin por apenas 35€, já com um enorme leque de ferramentas. Servirá para fazer gazuas, entre outros usos.

Chaves de precisão e de pressão. Sinceramente não vejo grande utilidade para isto. Pelo menos a nível de Lockpicking.

Gazuas. À esquerda são ferramentas construídas por eles para abrir fechaduras de duplo palhetão. À direita são gazuas para abrir fechaduras com chaves de pontos. É um kit que existe disponível para venda na Internet.

Estes grupos focam-se em fechaduras comuns entre as utilizadas em residências, e treinam nesses modelos exaustivamente até o conseguirem fazer em poucos minutos.

Normalmente essas fechaduras são:
De duplo palhetão (Mottura e CISA são as mais visadas):

De pontos (TESA, CISA e Ezcurra são as mais utilizadas também):

Normalmente são associadas à alta-segurança, erradamente.
Depois de conhecer o seu funcionamento, elas não oferecem assim tanta resistência como se possa pensar (é óbvio que um bom nível de prática é necessário).


Ora, o que podemos fazer para nos protegermos?:
Aqui vou expor não só o que devemos fazer para nos protegermos destes grupos em específico, mas também de vários outros métodos em geral. Mais tarde irei aprofundar vários deles para quem goste de fazer estas montagens pessoalmente. No entanto, qualquer boa loja de fechaduras e portas de segurança pode fazer as instalações e/ou arranjar os materiais necessários para o fazer.

  1. Escolha uma fechadura que não seja muito comum. Não vale a pena dizer que esta ou aquela fechadura é muito boa. Se for muito comum, é um alvo. Boas fechaduras, sem grandes falhas conhecidas e que não são abertas em menos de 15 minutos excepto por meia dúzia de pessoas no mundo são (por ordem da minha preferência pessoal): EVVA MCS, EVVA 3KS, ASSA TWIN, Abloy Protec (1 e 2), Medeco Biaxial (marca de fechaduras americana, utilizada na Casa Branca). Há muitas outras que não me lembro de momento, mas estas são, sem dúvida, algumas das melhores;
  2. Instale um alarme em casa. Várias empresas fornecem sistemas de alarme óptimos e fáceis de usar, com ligação directa ás autoridades. Esses sistemas normalmente são activados e desactivados com comando/código inserido no primeiro minuto após entrar em casa. Se nenhum código for inserido, o alarme toca. Estes sistemas não são caros, e o simples facto de ter o símbolo de alarme na porta vai desencorajar muita gente;
  3. Verifique se é possível entrar pelas janelas ou portas traseiras. No caso de moradias a porta da frente não é geralmente utilizada. Pode instalar grades, melhores fechaduras, alarmes, etc;
  4. Utilize bons espelhos de segurança nas suas fechaduras. O espelho de segurança é a peça que envolve a fechadura e a protege dos mais variados ataques. Certifique-se que escolhe um que cubra a fechadura totalmente excepto onde a chave entra, e que não pode ser desaparafusado por fora. Utilize espelhos de material resistente a corte e berbequim.
  5. Não esconda uma chave debaixo da carpete ou de um vaso. Todos esses locais são examinados pelo atacante. Boas ideias como enterrar dentro do vaso, ou colocar dentro do contador da água fechado com chave já foram pensadas por outros. Não funcionam. Tenha uma chave suplente sim, na casa de um familiar.
  6. Tenha um bom controlo de chaves. As chaves incopiáveis são mito, excepto em alguns modelos. E a maioria pode ser copiada com um bocado de plasticina e estanho derretido. Não é assim tão simples, mas fácil o suficiente. Algumas podem até ser deduzidas através de uma fotografia. Não as deixe em qualquer lado, e tenha muito cuidado a quem as empresta. Pode ser feita uma cópia em minutos.
Aqui está um exemplo de um espelho de segurança que cumpre os requisitos:


Vale a pena salientar que, além dos modelos pouco usuais que apresentei, há modelos usuais que podem (e devem) ser utilizados. São praticamente todos os modelos da KESO e KABA. É um tipo de fechadura bastante conhecida:

Qualquer uma destas fechaduras é mais que suficiente para impedir um ataque deste género à sua residência.

Outra fechadura muito boa é o modelo GeGe da KABA. Não tão boa como os modelos que falei, mas óptima e MUITO mais em conta.

Com estes conselhos estará protegido dos ataques mais usuais e de muitos que sejam mais elaborados.
Lembre-se que nenhum sistema é perfeito. Todos podem ser ultrapassados. O objectivo é dificultar tanto essa tarefa, que a recompensa não compense o trabalho.
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